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A depressão assumiu características patológicas mais acentuadas nas últimas décadas, sendo uma das formas contemporâneas de sofrimento psíquico. Diante das múltiplas possibilidades que o mundo atual oferece e no qual tudo parece possível, muitas pessoas tendem a não saber o que seria a melhor opção para si, o que pode gerar profunda apatia. Para Lacan, essa forma de tristeza ocorre quando o sujeito recua diante de seu desejo e evita situações que o colocariam diante do que ele realmente quer e insiste em recusar. Assim, a depressão é um estado de vazio e de ausência do sujeito e é tratada pela psicanálise, considerando cada caso em sua singularidade
depressão - tristeza

Nossa época potencializa bastante o aparecimento da angústia. Um mundo globalizado, com meios de comunicação quase instantânea, em que existe uma mesma solução para todos e em que todos devem fazer a mesma coisa e ter as mesmas opiniões para se sentirem pertencentes a uma comunidade, faz com que desapareçam as singularidades de cada um, abrindo caminho para situações nas quais o sujeito se vê invadido por algo que não consegue explicar. O pânico, por exemplo, é uma angústia levada ao extremo. No entanto, a angústia é, em sua origem, um afeto que tem ressonância no corpo e que pode sinalizar que o sujeito se encontra diante de uma perda que coloca em questão seu lugar no mundo e sua posição perante o outro. Por isso, esse pode ser um momento privilegiado para uma análise, porque o sujeito pode estar perto de uma profunda mudança de posição perante a vida. Ao colocar em questão o que ele é para o outro, ou o que o outro sempre esperou dele, entra em angústia. Porém, é a partir daí que se abre a oportunidade de se viver de outra forma em sua relação consigo mesmo e com os outros
angústia - ansiedade

Quando perdemos ou estamos na eminência de perder alguém, é como se perdêssemos uma parte de nós mesmos. É preciso transitar o luto e realizar a perda para superar a dor. "Mas em que consiste o trabalho que o luto leva à cabo? A meu ver, podemos descrevê-lo da seguinte forma: a realidade mostra que o objeto amado já não existe e demanda que a libido abandone todas as suas relações com ele. Contra esta demanda surge uma resistência naturalíssima, pois sabemos que o homem não abandona facilmente nenhuma das posições de sua libido. Esta resistência pode ser tão intensa, que podem surgir o afastamento da realidade e a conservação do objeto...O normal é que o respeito à realidade obtenha vitória, mas seu mandato não pode ser levado a cabo imediatamente e só é realizado de um modo paulatino, com grande gasto de tempo e energia psíquica".(Sigmund Freud). Num mundo em que as demandas de felicidade são constantes, é importante lembrar que não se permitir vivenciar o luto adequadamente, pode trazer sérias consequências psíquicas
luto - perdas

Minha avó ainda não tinha partido. Eu já estava sozinho
(Marcel Proust)
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