Nossa época potencializa bastante o aparecimento da angústia. Um mundo globalizado, com meios de comunicação quase instantânea, em que existe uma mesma solução para todos e em que todos devem fazer a mesma coisa para sentirem-se pertencentes a uma comunidade, faz com que desapareçam as singularidades de cada um, abrindo caminho para o que, por exemplo, se chama de "síndrome do pânico", na qual o sujeito se vê invadido por algo que não consegue explicar. O pânico é portanto, uma angústia levada ao extremo. No entanto, a angústia é, em sua origem, um afeto que tem ressonância no corpo e que pode sinalizar que o sujeito se encontra diante de uma perda e que pode estar colocando em questão seu lugar no mundo e sua posição perante o outro. Por isso, esse pode ser um momento privilegiado em uma análise, porque o sujeito pode estar perto de uma profunda mudança de posição perante a vida. Ao colocar em questão o que ele é para o outro ou o que o outro sempre esperou dele, entra em angústia, porém é a partir daí que se abre a oportunidade para viver de outra forma em sua relação com o outro e consigo mesmo
